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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: A cultura mineira
Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Fábio Lucas, em “Marcas de um roteiro cultural de Minas Gerais”, “A cultura Mineira Espelhada na Literatura”, publicada no ano passado, oferece um panorama vivido do que em Minas se produziu ao longo do tempo. Atende, deste modo, ao propósito de Maria Augusta da Nóbrega Cesarino, de propiciar sugestões de leitura sobre uma província singularmente rica.
Editado pela Superintendência de Biblioteca Públicas da Secretaria de Estado da Cultura de Minas, o acadêmico nos brinda com um trabalho nascido do coração, do conhecimento, bem ao estilo do escritor de Esmeraldas.
Fábio Lucas faz digressões oportunas sobre a expressão do fator territorial sobre a entidade psicossocial do mineiro. “A paisagem montanhosa e seus desníveis, os horizontes escassos e o árduo tamanho da terra, tudo contribuiu para acentuar os traços da subcultura e as suas formas de agrupamento social. À cobiça e repressão, trazidas do ciclo do ouro, juntaram-se à tenacidade e à astúcia da atividade agrícola no território montanhesco”.
No que tange especificamente a Belo Horizonte, natural ponto de convergência das populações interioranas, tao logo ela se armou de estrutura educativa, social, funcional, pode deslanchar nas letras.
E Fábio Lucas oferece um valioso levantamento dos autores que fotografaram para a posteridade as primeiras décadas, sem esquecer as que sucederam a Cyro dos Anjos, e a Avelino Fóscolo, o escritor dos tempos pioneiros da construção.
Não menosprezando os contemporâneos, aparece Cyro como – vamos dizer – o retratista social dos anos primevos da cidade feita capital. O lar dos funcionários, os que vieram de Ouro Preto, e os que, em seguida, aqui se instalaram.
Procedente do distante norte de Minas, Cyro trouxe consigo as expectativas do adolescente e do jovem extasiado com a ideia de na nova metrópole formar-se, pôr o diploma na axila, instalar-se com escritório de advocacia na cidade natal, namorar, casar-se, constituir família, constituir uma pequena fortuna.
Há os excelentes Avelino Fósculo, o anarquista, e Eduardo Frieiro, o culto autodidata que em Belo Horizonte se forjou.
Na ficção, e na forma clássica, porém, o primeiro foi, realmente Cyro dos Anjos, nascido em família favorita das letras. Em “A menina do sobrado”, ele narra sua vida em momento singular da formação universitária, quando para aqui convergiam montanhescos (a palavra é do próprio Fábio) de todos os recantos.
Em 1937, publicou-se “O amanuense Belmiro”, vocábulo bem da época, hoje praticamente desconhecido.
Aí está a diferença de Cyro com Frieiro e Fóscolo. O monte-clarense era narrador por excelência, trabalhava o manuscrito à exaustão, lembrando Machado e Proust.
“O amanuense” se enquadra perfeitamente na atmosfera e no próprio conteúdo de “A menina do sobrado”.
Belo Horizonte daquela época era uma extensão do clima do interior.
Seus personagens, já aqui instalados, de lá vieram e transportaram consigo o linguajar e tudo mais que diz respeito ao consuetudinário.
Fábio Observa: “Para fornecer a feição intimista do relato, aplica-se a um Diário, no qual vai registrando o cotidiano da vida moderna da cidade. Aliás, três diários povoam “O amanuense Belmiro”: o do protagonista, o da personagem Silviano, parceiro de elucubrações líitero-filosóficas e o da personagem Redelvim, amigo de tendências esquerdistas e, consequentemente, associado pela polícia política”.
Ousaria eu dizer que “O amanuense” e “A menina” se completam, harmonizam-se, são relatos de costumes de uma época, em que timidez e respeito eram virtudes e admiradas.
Pode lançar um olhar sobre o passado de Belmiro lendo “A menina”, uma saboroso relicário do que melhor Minas já produziu.
Ler esse ensaio de Fábio Lucas ajuda a entender e sentir, prazerosamente, uma época áurea da cidade-capital.

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