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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 20 de abril de 2024
 

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Mensagem: CONRADO!

Estatura baixa, moreno tropical, biótipo caboclo, comum das gentes do Norte de Minas, roupas simples, sapato popular como convinha a um temente da ira de Deus. Usava um chapéu de massa para dar o charme. Comerciante de secos e molhados na Malhada Santos Reis, hoje chamada Bairro Santos Reis, edil por opção doutrinária.
Sufragado nas urnas vereador pela terra de Figueira, “Conrado” brilhava na sua cadeira de homem público, com sua alma sertaneja, participante das festas de santo e barraquinhas dos janeiros da comunidade à qual, agora, representava. Como o bairro não tinha água encanada, estava a defender a aprovação de um projeto para resolver o problema.
Dirigindo-se aos seus colegas de plenário em sessão, fez uma prece e logo usou a sua fala emocional e epidérmica, como convinha a um homem do povo. Relatou haver sido feito um córrego que recebia água desviada do rio. Represada que servia, agora, para a lavagem de utensílios de cozinha além de trouxas de roupa doméstica.
Os edis e a assistência do bairro em plenário permaneciam mergulhados em silêncio. Dado à exigüidade de espaço no local da lavagem, que forçava às senhoras a aguardarem a vez, Conrado descreveu então o sofrimento da comunidade em tal mister doméstico:
“Elas levam a trouxa para o rego. Passam o dia com a trouxa no rego e, à noite passam no ferro”. Os vereadores e a assistência embora tenham entendido a forma de se expressar simplista e emocional da fala interiorana, optaram pelo hilário. Irrompeu uma gargalhada coletiva no plenário e na mesa.
Conforme o filósofo de vida, Jerry Alfaiate, gente é assim. É só falar em “rego” que o sorriso de felicidade vem à face!
Conrado discursava usando um caminhão como palanque na Rua Melo Viana, onde pedia votos às senhoras da comunidade e emocionado pela presença maciça das mulheres no comício, à esquerda e à direita, os homens no meio. Gesticulando ao bom estilo De Gaulle quase vencido pela emoção, falou tentando se referir às mulheres presentes, comparando-as às flores, falou:
Margaridas, gardênias e rosas à minha esquerda. Senhores cravos ao meio. E apontando a destra para a direita, balbuciou trêmulo de comoção: Senhoras trepadeiras.
A mulherada gramou o beco de volta para suas casas.
Numa noite quente de setembro, depois de acalorada discussão em plenário estando já bastante suado, um colega de partido o convidou: Conrado vamos tomar uma sauna após a seção? Tomando a proposta sugerida com o verbo tomar, e o nome pouco usual, sauna, Conrado responde: Obrigado, há anos que não bebo!
Boca da noite, como sempre fazia, Conrado assistia TV na sala de sua casa com o janelão aberto para a rua. Um popular que passava chegou até a janela e fazendo o gesto de ok, punho cerrado e dedo polegar para cima, falou: Firme! Conrado com a sua natural verve e a costumeira atenção dispensada a todos, respondeu na bucha já dando um sorriso Colgate: “Firme”, não, é a novela das sete “firme” só na Sessão das 10...
O que vale na linguagem é o “troppo”. Meia palavra basta.

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