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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 17 de maio de 2024
 

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Mensagem: CURRALEIRAGEM MONTESCLARENSE

Virgílio de Paula, saudoso folclorista e historiador tinha como hábito tomar cachaça curraleira curtida na casca de barbatimão. Tudo misturado ao exótico licor de pequi Corby, formando um hidromel da roça, para que a vida ficasse mais doce e prazerosa...
Estando descalço no jardim da sua casa, Virgílio foi mordido no dedão do pé por um escorpião preto. Recusou a assistência do HU e a tomar o soro antiofídico, sob a alegação de que dado à cachaça ingerida em vários anos de fidelidade à branquinha, o seu sangue tinha leveduras, fungos, alcoóis, ácido cético e resíduos de furfural, um verdadeiro veneno. O aracnídeo foi encontrado fulminado, bateu a caçoleta...
Carlúcio Atayde, saudoso notívago, tomava diuturnamente cerveja casco verde não muito gelada e como guia uma fubuia desdobrada, fabricada nos alambiques do também campeão de copo, o saudoso Mundim de Altamira, emérito comerciante e fabricante da “marvada” em Brasília de Minas. No tronco de fermentação da dita cachaça era encontrado gambás, escorpião, cachorro do mato, insetos voadores, etc., mortos, sem que ninguém jamais tenha passado mal por isso...
Certa tarde, estando em Vista Alegre, Carlúcio deitou em uma relva para tirar uma soneca. Foi picado por uma jaracuçu que estava amoitada no tufo de capim. “Enraçado” nesse colostro etílico tupiniquim, o seu sangue estava tão contaminado que o pobre ofídio bateu as botas imediatamente após o ato!
Já Barba Azul, emérito meio de campo do time de Gabilera do Alto São João, chapa de caminhão no comércio atacadista local, amanhecia na porta da Casa Minas Gerais esperando abrir o estabelecimento para tomar um copo cheio da desdobrada pinga conhecida como “Sobejo”.
A cachaça era retirada de um pote de barro onde eram jogados os restos (deixado pelos bêbados para os santos), que ficavam nos copos e fermentavam o produto.
Diz o dito árabe que: “de tanto ir à fonte um dia o cântaro quebra!” Barba Azul teve um ataque cataléptico e caiu detrás de um coletor de lixo. Como havia sido expulso de casa por causa da cachaça e estava dormindo nas ruas, dado como morto seu corpo foi velado, sobre um estrado na entrada da galeria Lafetá, no Mercado Municipal velho.
O piedoso açougueiro Lírio Roxo fez uma coleta de dinheiro entre os comerciantes do logradouro, visando custear as despesas do enterro. Meu pai doou um terno novo de quinta categoria, alguém deu o banho e o defunto foi dignamente vestido e exposto à visitação dos conhecidos e da galera do Alto São João, que desceu para homenagear o “de cujus” e acompanhar as exéquias.
De repente, o ataque cataléptico cessou, Barba Azul sentou-se no estrado e vendo toda aquela armação de terno e vela acesa, falou em alto e bom som: “quem foi o F.D.P. que fez essa molecagem!”
Depois do corre-corre grotesco e laxativo da galera que se mandou mal cheirosa do velório sinistro, o terno completo com os calçados do quase defunto foi prudentemente guardado para, quem sabe, um próximo uso.
Não deu outra! Dois meses depois o homem foi mesmo descansar, agora para valer, e beijar a morte, na cidade dos pés juntos. Infelizmente, assim, o time de Gabilera perdeu o seu mais emérito e raçudo meio de campo...

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