Polícia pega em M. Claros 17 veículos de luxo, incluindo carros e até moto aquática, além de jóias, dinheiro, celulares e outros equipamentos. Esquema movimentou 26 milhões de reais
Quinta 02/10/25 - 13h55
PCMG desarticula esquema de estelionato virtual em Montes Claros
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou, nesta quinta-feira (2/10), a operação Falsum Facies, com o objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro, estelionato virtual e extorsão digital em Montes Claros, região Norte do estado.
Durante a ação, foram cumpridos 23 mandados de busca, resultando na apreensão de 17 veículos de luxo, entre carros, motocicletas e até uma moto aquática, além de joias, dinheiro em espécie, materiais eletrônicos e celulares.
A Justiça ainda determinou o bloqueio judicial de mais de R$ 8 milhões em 14 contas bancárias ligadas aos investigados. Um homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, com um revólver e munições.
Estrutura criminosa
A investigação iniciou em maio deste ano, após a prisão em flagrante de um integrante do grupo. A partir de análises financeiras minuciosas, os policiais civis rastrearam o fluxo de valores ilícitos, que já movimentaram cerca de R$ 26 milhões. Até o momento, foram identificadas 20 vítimas e 21 suspeitos, que atuavam em dois núcleos distintos, um operacional e um gestor financeiro.
Além disso, parte do dinheiro era escoada para empresas de fachada, como uma distribuidora de bebidas e uma loja de moda masculina, utilizadas para dar aparência de legalidade às movimentações financeiras. Também foram identificadas transações entre pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo, além da aquisição de bens em nome de terceiros, como forma de dificultar o rastreamento patrimonial.
Ostentação
Segundo a delegada Marina Pacheco, responsável pelas investigações, os envolvidos demonstravam vida de ostentação nas redes sociais, exibindo carros importados, viagens, joias e grandes quantias em dinheiro, adquiridos a partir dos valores ilícitos.
A apuração também revelou que os investigados utilizavam a internet para comprar contas bancárias de terceiros, conhecidas como “contas de passagem”, nas quais os valores extorquidos eram inicialmente depositados antes de serem transferidos ao beneficiário final, dificultando o rastreamento policial.
“A conta bancária é de uso pessoal e intransferível do titular. A sua venda, empréstimo ou cessão para terceiros, especialmente desconhecidos, é extremamente arriscada. O titular pode, sem perceber, estar colaborando com organizações criminosas e, consequentemente, responder criminalmente pelos ilícitos cometidos”, alertou a delegada.
Descapitalização
Já o delegado Diego Flávio Carvalho, responsável pela investigação financeira, destacou que a descapitalização do grupo criminoso é o foco principal desta fase da operação. “Desde maio temos realizado análises financeiras detalhadas que revelaram a existência de um esquema de lavagem de dinheiro estruturado, com o uso de empresas fantasmas, movimentações entre investigados e a aquisição de bens em nome de laranjas. O objetivo agora é sufocar financeiramente a organização, retirando dela os recursos que sustentam sua atuação criminosa”, disse.
As investigações continuam para identificar todos os integrantes da rede criminosa, bem como analisar o material apreendido.